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segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de São Jorge


Sendo pertencente aos armeiros, barbeiros, caldeireiros, hortelões e escolares (?), encontrava-se na Rua da Betesga, freguesia de Santa Justa.[1] O hospital tinha uma cavalariça, onde se guardava o cavalo que servia de montada ao santo na procissão do Corpo de Deus.[2] Ignora-se a data da sua fundação, tendo sido incorporado no Hospital de Todos-os-Santos,[3] cerca de 1503.


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 10
[2] Mário Carmona, O Hospital Real de Todos-os-Santos da Cidade de Lisboa, 1954, p. 393
[3] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de Santa Maria dos Francos


Pertencente à confraria dos hortelões e almoinheiros, não sendo possível apurar a data da sua fundação. Encontrámos informações díspares sobre a sua localização, afirmando um autor que estava situado na Rua Nova dos Ferros[1], outro que seria na Rua do Chafariz dos Cavalos (actual Chafariz de Dentro) na freguesia de S. Pedro da Alfama.[2] 
Parece-nos mais fiável, contudo, a segunda hipótese, uma vez que a designação da Rua Nova dos Ferros surge apenas no século XVI, individualizando uma parte da Rua Nova dos Mercadores onde teria sido construído um gradeamento para delimitar o espaço de encontro dos mercadores. 
O hospital foi incorporado no Hospital de Todos-os-Santos,[3] cerca de 1503.


[1] Mário Carmona, O Hospital Real de Todos-os-Santos da Cidade de Lisboa, 1954, p. 154
[2] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 10
[3] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11

domingo, 16 de dezembro de 2012

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de Santa Maria, dos alfaiates


Desconhecemos a data de fundação. O hospital estava situado no monturo da Orca, na freguesia de S. João da Praça, entre o Beco da Alfama e o Largo do Terreiro do Trigo; composto por uma casa térrea, com 12,10 m x 5,50 m. Foi incorporado no Hospital de Todos-os-Santos,[1] cerca de 1503.


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 10-11

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de Afonso Martins Albernaz


Desconhecemos a data de fundação. Situado na freguesia de S. João da Praça, às portas da Alfama; fundado por Afonso Martins Albernaz. Foi incorporado no Hospital de Todos-os-Santos.[1]


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital dos Escolares ou de Santo André


Desconhecemos a data da sua fundação, sabendo que estava situado no Bairro dos Escolares, na freguesia de Santo Estevão de Alfama, onde esteve localizado o Estudo Geral e um bairro destinado a habitação de escolares, estudantes e professores.[1] O hospital estava localizado na Rua dos Cegos, com frente para a Rua de S. Tomé, às Escolas Gerais, um pouco acima das Portas do Sol. Foi incorporado no Hospital de Todos-os-Santos.[2]


[1] Carlos Guardado da Silva, Lisboa Medieval – a organização a e estruturação do espaço urbano, Lisboa, Edições Colibri, 2008, p. 258
[2] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 10-11

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - LISBOA MEDIEVAL


No início da época medieval encontrava-se a península Ibérica na posse dos Visigodos, tendo sido tomada pelos muçulmanos em 711. A ocupação árabe foi mais diplomática que militar, tendo a submissão dos autóctones entre Tejo e Mondego, incluindo a cidade de Lisboa, sido feita por tratado, provavelmente no ano de 714.[1] Os povos nórdicos, contudo, não aceitaram facilmente a perda do território, sabendo-se que em 844 chegou a Lisboa uma frota com 54 naves dos normandos, com o objectivo de tomar a cidade; sofreu a urbe este ataque viking, tendo sido estabelecido cerco e gerado muito dano no seu termo, conseguindo inclusivamente romper o muro sobre o mar e penetrar em alguns pontos da cidade; a população cercada reagiu como podia, tentando prejudicar os invasores - “porque tiravam água das fontes que estavam junto ao muro, os cercados levantaram engenhos e meteram-na por canos em muitos lugares da cidade[2].
Permaneceu a cidade sob administração muçulmana até à conquista cristã executada por D. Afonso Henriques em 1147. Apesar da insuficiência de elementos quantitativos, a população de Lisboa está calculada em cerca de 5.000 habitantes no ano de 1147, crescendo progressivamente ao longo da primeira dinastia até cerca de 63.500 no reinado de D. João I.[3] Sabemos que no fim da idade Média, mais precisamente cerca do ano de 1551, existiam na cidade 100.000 almas, incluindo 9.950 escravos, mas excluindo a corte e os estrangeiros.[4]
A área da cidade era reduzida, limitada inicialmente pela muralha da Cerca Moura ou Cerca Velha, que abrangia o castelo com a alcáçova e cercava o velho bairro de Alfama até ao Tejo; mais tardiamente, o crescimento da cidade obrigou à construção da muralha Dionisina no fim do sec. XIII, para protecção do casario que se estendia principalmente para ocidente, ultrapassando o esteiro do Tejo, braço de rio localizado na actual Baixa; completou-se posteriormente a defesa de Lisboa com a Cerca Fernandina ou Cerca Nova, entre 1373 e 1375.
As habitações lisboetas nos séculos XII e XIII seriam predominantemente térreas, por vezes existindo sótão e covas, onde eram guardados géneros alimentares, geralmente utilizando pedra, cal, taipa e adobe, por se aplicarem técnicas características de construção árabe. A evolução arquitectónica fez-se para casas com vários andares (sobrados), a partir de meados do séc. XIII, utilizando a madeira e nascendo a estrutura da varanda em protusão sobre a rua; por regra, possuíam um pátio adjacente, assim como um jardim, horta ou pomar. O facto de se ter começado a utilizar madeira obrigou à importação deste material (também motivada pelo aumento da construção naval) e tornou os edifícios mais susceptíveis a incêndios, conhecendo-se grandes fogos em 1369 (arderam todas as casas da Rua da Ferraria e grande troço da Rua Nova) e em 1373 (ardeu toda a Rua Nova, as freguesias de Santa Madalena e de São Gião e toda a Judiaria, devido a fogo posto pelos Castelhanos)[5].
Em 1502 numa das freguesias do centro de Lisboa, a de Santo Estêvão, encontramos principalmente edifícios de dois pisos (64%), seguindo-se as casas térreas (20%) e as de três pisos (16%). Os edifícios compunham-se por um piso térreo designado por loja ou sótão, muitas vezes destinado a adega ou celeiro, por vezes alojando oficinas ou tendas e os pisos superiores, designados por sobrado ou sobradado, com função geralmente residencial.[6] Cerca do ano de 1551 existiam cerca de 10.000 casas em Lisboa, sendo a maioria de dois a cinco sobrados.[7]
As ruas da cidade eram estreitas, raramente se encontrando uma rua com mais de oito pés de largura (aproximadamente 2,60 m), facto confirmado por uma ordenação de D. Afonso IV em 1329: “Sejam as ruas bem espaçosas que possam as gentes por elas andar e cavalgar sem embargo”.[8]




[1] Carlos Guardado da Silva, Lisboa Medieval – a organização a e estruturação do espaço urbano, Lisboa, Edições Colibri, 2008, p. 55
[2] António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, 3ª ed. Caminho, Lisboa, 2008, p. 171
[3] Carlos Guardado da Silva, Lisboa Medieval – a organização a e estruturação do espaço urbano, Lisboa, Edições Colibri, 2008, p. 267-269
[4] Cristóvão Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551 - Sumário (em que brevemente se contêm algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa), Livros Horizonte, 1987, p. 101
[5] A. H. De Oliveira Marques, A Sociedade Medieval Portuguesa – aspectos da vida quotidiana, Lisboa, edições A Esfera dos Livros, 2010, p. 92-93
[6] Núcleo Científico de Estudos Medievais, Instituto de Estudos Medievais, F.C.S.H – U.N.L., A nova Lisboa medieval, Lisboa, Edições Colibri, 2007, p. 139
[7] Cristóvão Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551 - Sumário (em que brevemente se contêm algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa), Livros Horizonte, 1987, p. 101
[8] A. H. De Oliveira Marques, A Sociedade Medieval Portuguesa – aspectos da vida quotidiana, Lisboa, edições A Esfera dos Livros, 2010, p. 92-93

Alfama - Arco do Pernambuquel: típica rua medieval


Castelo - Imóveis de estrutura medieval


Barbacã do Castelo de São Jorge


Castelo de São Jorge



[1] Carlos Guardado da Silva, Lisboa Medieval – a organização a e estruturação do espaço urbano, Lisboa, Edições Colibri, 2008, p. 55
[2] António Borges Coelho, Portugal na Espanha Árabe, 3ª ed. Caminho, Lisboa, 2008, p. 171
[3] Carlos Guardado da Silva, Lisboa Medieval – a organização a e estruturação do espaço urbano, Lisboa, Edições Colibri, 2008, p. 267-269
[4] Cristóvão Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551 - Sumário (em que brevemente se contêm algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa), Livros Horizonte, 1987, p. 101
[5] A. H. De Oliveira Marques, A Sociedade Medieval Portuguesa – aspectos da vida quotidiana, Lisboa, edições A Esfera dos Livros, 2010, p. 92-93
[6] Cristóvão Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551 - Sumário (em que brevemente se contêm algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa), Livros Horizonte, 1987, p. 101
[7] A. H. De Oliveira Marques, A Sociedade Medieval Portuguesa – aspectos da vida quotidiana, Lisboa, edições A Esfera dos Livros, 2010, p. 92-93

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital do Espírito Santo, de Alfama, dos pescadores



Estava situado ao Chafariz dos Cavalos, freguesia de S. Miguel. Tinha uma confraria da mesma invocação, instituída em 1470. Mais tarde, em 1602, existiu um litígio com a Misericórdia, por esta contestar o direito de ter tumba privativa para enterrar os mortos. Foi incorporado no Hospital de Todos-os-Santos.[1]



[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 10-11

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de João Afonso


Pouco se sabe acerca deste hospital, apenas que se encontra registado como anterior a 1437,[1] localizando-se na freguesia dos Mártires. Foi incorporado no Hospital de Todos-os-Santos.[2]


[1] José-Augusto França, Lisboa, História Física e Moral, 2ª ed, Lisboa, Livros Horizonte, 2009, p. 71
[2] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 10-11

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de Santana ou Hospital dos Incuráveis:


Situado nas Fangas da Farinha, localização actual do tribunal da Boa-Hora, na R. Nova do Almada, sabemos que tinha uma enfermaria para cada sexo, com um total de 25 camas, [1] mas desconhecemos a data da sua fundação.
Encontramos referência a este hospital em 1432, numa escritura do Convento da Trindade: “... Mais ela emprazou por o modo suso dito um quintal com suas árvores que o dito mosteiro ha na dita calçada (Calçada de Santa Maria do Carmo, mais tarde designada por Calçada do Carmo) abaixo dos paços do Almirante que parte com casas de Pero Anes cara-bodes e com quintal do dito Pero Anes e com quintal do dito João Gonçalves e com casas do Hospital de Santana e com casas de Álvaro Afonso, marinheiro ...”.[2]
Em 1551, encontramos dele uma descrição: “O Hospital de Santana às fangas da farinha é muito antigo, onde há sempre enfermos de enfermidades incuráveis. E afirma-se que há agora alguns doentes de vinte e trinta anos. Há nele duas enfermarias, uma por baixo com treze leitos, e outra por cima com doze. E tem cuidado da casa uma enfermeira. E nas enfermarias se diz missa todos os dias; e, se faltam, a Misericórdia lhas manda dizer, e provê estes enfermos de todo o necessário, e dá a cada um cada semana cem reis. O que vale cada ano trezentos e cincoenta cruzados.[3]
Em 1552 o hospital é descrito como anexo do Hospital de Todos-os-Santos, do seguinte modo: “Tem outro hospital às Fangas da Farinha, que antigamente se chamava Hospital de Santana, onde também tem enfermos destes males, que são incuráveis. Os quais provêm de cama e todo o necessário, e dão 12 rs cada dia para seu mantimento. E tem missa aos domingos.”[4]
Gustavo de Matos Sequeira afirma que o Hospital de Santana seria outro nome do Hospital de Nossa Senhora da Vitória.[5] Permitam-me que discorde. Os dois hospitais são descritos no capítulo intitulado “Hospitais que há na cidade” da obra de Cristóvão Rodrigues de Oliveira encomendada por D. João III, em 1551, como instituições diversas, nomeando designadamente: [1º] Hospital de Todos-os-Santos, [2º] Hospital de Nossa Senhora das Virtudes, que ora se chama da Vitória, [3º] Hospital de Santa Ana, às Fangas da Farinha, [4º] Hospital dos Palmeiros, [5º] Hospital dos Pescadores Chincheiros, ou de Nossa Senhora dos Remédios, [6º] Hospital dos Pescadores Linheiros e [7º] Hospital de Cata-que-farás. Nesta descrição apresenta-nos as duas instituições divergindo no número de camas e no valor das rendas auferidas. Uma outra descrição, de João Brandão (de Buarcos), também descreve ambas as instituições como entidades diferentes, pelo que não é credível que se tratem do mesmo hospital.


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11
[2] Gustavo de Matos Sequeira, O Carmo e a Trindade, subsídios para a história de Lisboa, vol. 1, Câmara Municipal de Lisboa, 1939, p. 113
[3] Cristóvão Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551 - Sumário (em que brevemente se contêm algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa), Livros Horizonte, 1987, p. 62
[4] João Brandão (de Buarcos), Grandeza e abastança de Lisboa em 1552, Livros Horizonte, 1990, p. 127
[5] Gustavo de Matos Sequeira, O Carmo e a Trindade, subsídios para a história de Lisboa, vol. 1, Câmara Municipal de Lisboa, 1939, p 114

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de Santo Antão (?):



Muito pouco se apura da existência desta instituição; tomámos a liberdade de a considerar como fazendo parte do termo de Lisboa, uma vez que se situava fora da muralha fernandina, na estrada que, a partir das Portas de Santo Antão, se dirigia para o norte, em direcção a Benfica.
O Convento de Nossa Senhora da Anunciada pertenceu aos religiosos de Santo Antão em 1400, passando em 1539 para as religiosas Dominicanas; sofreu bastante ruina no terramoto de 1755, tendo falecido 10 das suas religiosas; no mesmo local foi construída no século XIX a actual Igreja de S. José.[1]
Parece ter existido um hospital localizado junto às Portas de Santo Antão, no que actualmente é o Largo da Anunciada, fundado pelos frades do convento com o mesmo orago, cerca de 1400.[2]

Encontramos uma referência ao Hospício de Nossa Senhora da Anunciada, anexo à igreja do mesmo nome, formada por alvará de D. João I, em 1425; no entanto, ressalvamos a impossibilidade de nos pronunciarmos sobre a sua veracidade, por carência de referência bibliográfica (encontrada no site dos Escuteiros da Anunciada)[3]

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital e Albergaria da Madalena



Foi este hospital fundado por Catarina Lopes, viúva de Vicente Pires Sardinha-e-meia, na freguesia da Madalena, a norte da igreja, junto das casas onde vivia, no local onde mais tarde se ergueu o prédio de João de Almada no Largo da Madalena. A Albergaria, referenciada no seu testamento em 1400, mantinha 5 pobres e só poderia ser administrada por um homem bom da freguesia; para seu mantimento, ordenou Catarina Lopes, que lhe fosse fornecido anualmente três moios de trigo, dois tonéis e meio de vinho, dois carneiros, um porco, azeite e ainda dez soldos diários a cada pobre “para conducto”; por morte de Catarina Lopes, ficou como administrador o principal herdeiro e seu criado, Gonçalo Rodrigues Camelo.
Sucedeu a seu pai como terceiro senhor da albergaria, Gonçalo Gonçalves Camelo, falecido sem descendência a 19 de Maio de 1451 e ao que parece, amigo de El-Rei D. Duarte, encontrando-se o seu nome associado ao cargo de Chanceler do rei[1]; deixou este a administração da albergaria a Afonso de Almada, morador na freguesia da Madalena e escudeiro da casa real (4º administrador); Afonso de Almada nomeou seu filho Aires de Almada (5º administrador), em 21 de Junho de 1483, para lhe suceder na administração, tendo por fim esta sido entregue a seu filho Luiz de Almada (6º administrador), lente na Universidade de Coimbra, desembargador dos Agravos e corregedor do crime.
Continuou a administração da albergaria a passar de pai para filho ao longo dos anos seguintes: Francisco Almada de Melo (7º administrador), João de Almada de Melo (8º), António Almada de Melo (9º) e João de Almada de Melo, fidalgo e capitão de cavalos, comissário da cavalaria na província da Beira e alcaide-mor de Palmela (10º). Este último teve dois filhos, António José e D. Teresa Luíza, mãe de Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro primeiro ministro de Portugal; António José de Almada e Melo herdou de seu pai a albergaria (11º administrador), tendo-a legado a seu filho João Manuel de Almada e Melo, primeiro visconde de Vila Nova de Souto de El-Rei; este João de Almada mandou deitar abaixo as casas das Pedras Negras no ano de 1749, de modo a construir um prédio no mesmo local, localizado entre a Rua da Correaria e a Rua das Pedras Negras, dando para o Largo da Madalena; durante a construção foram encontrados vários pedaços de colunas, duas bases de coluna, um capitel de ordem jónica e várias pedras de origem romana, algumas das quais foram colocadas na da parede do novo edifício que dá para a actual Travessa do Almada.[2] Este edifício, tendo resistido ao terramoto de 1755 que arrasou todo o bairro, pertenceu depois ao Marquês de Pombal; ainda existe (2014), na esquina da Rua da Madalena com a Travessa do Almada.

Edifício dos Almadas, na esquina da R. da Madalena com a Travessa do Almada

Uma das pedras de origem romana, colocada do edifício dos Almadas

Nota: João Brandão refere serem fundadores Catarina Lopez e Luis de Almada seu marido[3], o que nos parece incorrecto, pois mais de cem anos os separam. Desconheço se se trata de um erro do próprio João Brandão ou da edição consultada, a qual assenta na edição de Gomes de Brito de 1923. Pareceu-nos contudo mais fiável a cuidadosa e pormenorizada descrição de Luís Pastor de Macedo.




[1] Judite A. Gonçalves de Freitas, O Portugal Atlântico e o Portugal Mediterrâneo na itinerância régia
de meados do século XV (1433-1460), em http://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/378/1/Territórios do poder.pdf, pg.7

[2] Luiz de Macedo, A Rua das Pedras Negras, Lisboa, Edição da UP, 1931, p. 26-33
[3] João Brandão (de Buarcos), Grandeza e abastança de Lisboa em 1552, Livros Horizonte, 1990, p. 135

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital do Espírito Santo dos Mercadores



Encontramos este hospital referenciado no ano de 1400, no testamento de Catarina Lopes (ver também Hospital e Albergaria da Madalena), que deixou a seu herdeiro Gonçalo Rodrigues Camelo uma quinta em Alpriate, “sob o caminho que vai para Santarém”, com a condição de este manter um capelão na capela do hospital, o qual diria missas por sua alma e pela de seu marido.[1]
Dada a existência do Hospital do Espírito Santo da Pedreira em Lisboa, o qual se encontrava ligado à Confraria dos Mercadores, não será talvez abusivo pensar que esta referência testamentária se poderia relacionar com o primeiro. Fica-nos a dúvida no espírito e não encontramos modo de provar a nossa hipótese, mas somos de opinião que, com grande probabilidade, ambas as designações se referiam à mesma instituição.


[1] Luiz de Macedo, A Rua das Pedras Negras, Lisboa, Edição da UP, 1931, p. 25

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospitalinho



Não conhecemos muito da história desta instituição, mas sabemos que foi fundado no séc. XIV por João Afonso Alenquer, localizando-se no actual cruzamento das ruas Garret, Serpa Pinto e da Trindade, ao Chiado.[1] Dele ainda encontramos referência, na freguesia dos Mártires, em 1758: “Na rua do Ferragial, limite desta freguesia até ao tempo do terramoto havia uma lojas, chamado o Hospitalinho, em que habitavam algumas pobres por provimentos que lhe davam os Irmãos da Mesa da Irmandade de Santo António dos Nobres sita no convento de São Francisco da Cidade como administradores do dito Hospitalinho.[2]

- Hospitalinho (petit hôpital):
Nous ne savons pas beaucoup sur l'histoire de cette institution, mais nous savons qu'elle a été fondée au XIVe siècle par João Afonso Alenquer, localisée sur l'intersection des actuelles rues Garret, Serpa Pinto et Trindade, au Chiado. On parle encore de l´hôpital, situé dans la paroisse des Martyrs, en 1758: «Dans la rue de Ferragial, à la limite de cette paroisse, jusqu'au moment du tremblement de terre il y avait une maison appelée l’Hospitalinho, dans lequel ont vécu quelques femmes pauvres, avec l’aide des Frères de la Confrérie de St. Antoine des Nobles qui habitaient dans le couvent de Saint François, administrateurs de l’Hospitalinho."

- Hospitalinho (small hospital):
We do not know much about the history of this institution, but we know it was founded in the 14th century by João Afonso Alenquer, and situated on the intersection of actual Garret, Serpa Pinto and Trindade streets, in Chiado. We still find mention of it, in the parish of Martyrs, in 1758: "In the Ferragial street, boundary of this parish until the time of the earthquake, there was a house called the Hospitalinho, where lived some poor ladies with the donatives of the St. Anthony of the Nobles Brotherhood, that was located in the San Francisco convent, who was the Hospitalinho administrators."


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11
[2] Paróquias da Baixa-Chiado, Memórias de Uma Cidade Destruída, Alètheia Editores, 2005, p. 86

SANTOS-O-VELHO - Período Romano: Histórias e lendas


O lugar a que hoje chamamos de Santos-o-Velho é ocupado pelos povos desde há vários séculos.
Da ocupação romana conhecemos a existência de uma estrada que partia da cidade, atravessava o esteiro do Tejo onde se localizava o porto interior de Olisipo (no local da actual Rua do Arco do Bandeira), provavelmente por uma ponte de tabuleiro de madeira antecessora da ponte medieval da “Galonha”, contornaria a encosta do Carmo até ao Chiado e ao Largo de Camões, seguiria em direcção ao Calhariz até ao local onde mais tarde se abriria a porta de Santa Catarina na Cerca Fernandina e tomaria provavelmente a direcção do Guincho. Ao longo dessa estrada, de características rurais, localizavam-se numerosos casais ou villae de grande qualidade, não sendo portanto difícil de imaginar que alguns deles ocupariam a área que hoje designamos por Santos-o-Velho.[1]
Certa é a ocupação romana durante a Antiguidade Tardia, da qual parece provir uma inscrição romana encontrada por André de Resende no jardim do Palácio de Santos, onde se achava guardada, ao tempo de D. Francisco de Lencastre no século XVII, que ele, juntamente com o seu amigo Francisco de Holanda copiou e que assim dizia:[2]

L. VALERIVS. GAL.                      Lúcio Valério Galo
            SEVERVS. NA. L.                       Severo, de cinquenta anos,
H. S. EST. T. L. FILI....                  aqui está sepultado. Tito, filho de Lúcio
PATRI. P. C. ET.                           lhe erigiu esta memória, juntamente com
Q. SERTORIVS.                           Quinto Sertório
CALVVS. AFFINIS.                      Calvo, seu parente.

Desconheço o destino de tal inscrição, que parece ter-se esfumado do património lisboeta desde então.
No período romano a religião cristã foi assumida no séc. IV pela cidade episcopal. No entanto, o imperador Diocleciano desencadeou no ano de 303 até ao ano de 305, uma forte perseguição aos cristãos por todo o seu império.
Provém do período romano a conhecida lenda dos três mártires, considerados Santos, que foram supliciados na cidade e executados por ordem do prefeito romano Daciano[3]. Por outo lado, segundo um cruzado que participou na conquista de Lisboa ao lado de D. Afonso Henriques, o Arcebispo de Braga discursou sobre a muralha da cidade, por altura de um pacto de tréguas para conversações entre as partes, na tentativa do rei português obter a rendição pacífica da cidade, do seguinte modo: “... Na mesma cidade é testemunha disso [da destruição da fé cristã] o sangue dos mártires Máxima, Veríssimo e Júlia virgem, derramado pelo nome de cristo, no tempo de Ageiano, governador romano.[4] Segundo a lenda, os três mártires seriam irmãos, provenientes de Roma (outra versão dá como Lisboa a sua origem) e parece terem sido supliciados pelas autoridades romanas; após o suplício, que culminou na sua morte, os corpos foram atados a pedras e deitados ao rio Tejo entre Lisboa e Almada, tendo os corpos sido arrojados à costa num local a poente da urbe de Lisboa; os mártires Veríssimo, Máxima e Júlia[5] constituíram assim a génese de devoção do povo cristão neste local.
Sabe-se que as primeiras referências aos três santos mártires de Lisboa se encontram no Martirológio de Usuardo, monge benedictino falecido cerca de 858 ou 876, consoante diversas as versões e parece que lhes foi construído um templo, ao tempo dos visigodos, no local aproximado ao que hoje designamos por Santos-o-Velho.
Santos Mártires Veríssimo, Maxima e Júlia - Desembarque em Lisboa (séc. XVI, óleo sobre madeira, Museu Carlos Machado)

Não parecem restar dúvidas sobre a ocupação romana do local, assim como da existência de três cristãos aí supliciados, eventualmente no séc. IV, cujo culto, iniciado neste arrabalde de Lisboa, se haveria de generalizar por todo o território português, perdurando no local original durante muitos séculos.



[1] Carlos Guardado da Silva, Lisboa Medieval, 2ª Ed. ed. Colibri, 2010, pg. 49
[2] Júlio de Castilho, A Ribeira de Lisboa, vol. V, 2ª Ed., Câmara Municipal de Lisboa, 1944, pg.73
[3] Mário de Gouveia in Lisboa Medieval – os rostos da cidade, ed. Livros Horizonte, 2007, pg. 372
[4] Autor desconhecido, A Conquista de Lisboa aos Mouros em 1147 – Carta de um cruzado inglês, 2ª ed.; Livros Horizonte, 2004, pg 41
[5] Flores, Espanha Sagrada, tomo XIV, pg 397.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de Santo Estaço


Encontramos pouca e vaga informação sobre este hospital; enquanto um autor refere que não se lhe conhecia a localização,[1] outro situa-o na Praça dos Escravos.[2] A sua fundação, cerca de 1389, deve-se a Pero Esteves e sua mulher Clara Afonso, que determinaram “que nem rei nem prícipe, nem arcebispo ou bispo, tivessem nada que ver com o estabelecimento pio que eles ordenavam”. Em 1489, não existindo descendentes dos fundadores, interveio D. Afonso V nomeando um administrador, “contanto que ele cumpra o compromisso do dito hospital assim e pela guisa que o ordenaram os sobreditos defuntos em seu testamento”. Desconhecemos toda a sua história posterior ou a data da sua extinção.

Sabemos da existência de um Pero Esteves, apelidado o Barbadão, que foi progenitor de uma dama chamada Inês, amante de João I e mais tarde comendadeira do convento de Santos. Desta relação nasceu D. Afonso, o qual casou com D. Beatriz, filha de D. Nuno Álvares Pereira, donde procede a Casa de Bragança.[3] Não poderemos, no entanto, afirmar que se trata da pessoa que fundou o hospital, por carência de documentos comprovativos.



- Hôpital de Saint Estácio:
Nous avons trouvé peu d'information sur cet hôpital ; ainsi qu'un auteur a déclaré qu'il ne connaissait pas son emplacement, l'autre le situe sur la Praça dos Escravos (Place des Esclaves). Sa fondation, autour de 1389, se doit à Pero Esteves  et à sa femme Clara Afonso, qui ont déterminé « que ni roi ni prince ou archevêque ou évêque, n'avait rien à voir avec la mise en place de l’établissement qu'ils avaient commandé. » En 1489, il n'y avait pas de descendants des fondateurs, et le roi Afonso V a nommé un administrateur, «tant qu'il répond à l'engagement déclaré de l'hôpital et au désir que le testament avait ordonné." Nous ne savons pas plus de son histoire ou à la date de sa extinction.

Nous savons de la existence d’un Pero Esteves, surnommé le Barbadão, qui était père d'une dame qui s'appelle Agnès, amant de Jean Ier et plus tard supérieure du couvent de Santos (Saints). De cette relation est née Afonso, qui a épousé Béatrice, la fille de Nuno Álvares Pereira, de qui procédé le titre de Bragança. Nous ne pouvons pas, cependant, affirmer que c'est la personne qui a fondé l'hôpital, pour faute de documents.

- Saint Estácio Hospital:
We found little information and vague information about this hospital; while one author stated that he did not know the location, another tells that is located in the Praça dos escravos (Slaves’ Square). Its foundation, around 1389, was due to Pero Esteves and his wife Clara Afonso, which determined "that neither king nor prince or archbishop or bishop, had nothing to do with the pious establishment they ordered." In 1489, as there are no descendants of the founders, intervened King Afonso V, appointing an administrator, "as long as he meets the stated commitment of the hospital like the deceased founders said in their will." We do not know more about its history or the later date of their extinction.

We know a man named Pero Esteves, dubbed the Barbadão, who was progenitor of a lady called Agnes, lover of King John I and later a Santos (Saints) convent superior nun. Of this relationship was born Afonso, who married Beatrice, the daughter of Nuno Álvares Pereira, whence the House of Braganza. We cannot, however, assert that it is the same person who founded the hospital, for lack of documents.


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 12
[2] Mário Carmona, O Hospital Real de Todos-os-Santos da Cidade de Lisboa, 1954, p. 153

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de campanha durante o cerco de Lisboa de 1384


Em Maio de 1384 chega a Lisboa a frota do rei D. João de Castela, tendo como objectivo cercar a cidade; desembarcadas as tropas, montaram arraial junto ao mosteiro de Santos (no qual o próprio rei se hospedou), ocupando o território até Alcântara e Campolide; pelo lado do rio, as embarcações montaram cerco desde Cataquefarás até à Porta da Cruz. O Mestre de Avis entendeu então fazer a defesa da cidade ao longo de toda a extensão da sua muralha, tendo encerrado as portas, as quais só eram abertas durante o dia; a guarda dos muros foi repartida por fidalgos e cidadãos honrados, que tinham sob o seu comando besteiros e homens de armas, formando quadrilhas.
Junto à porta de Santa Catarina foi então montado um verdadeiro hospital, tal como nos relata primorosamente Fernão Lopes: “Acerca da porta de Santa Caterina, da parte do arreal per onde mais acostumávom sair à escaramuça, estava sempre uma casa prestes, com camas, e ovos, e estopas, e lençóis velhos pera romper, e celorgião, e triaga, e outras necessárias cousas pera pensamento dos feridos, quando tornávom das escaramuças.”[1]
Poderemos considerar que se tratava de um verdadeiro hospital militar, com predomínio na área da cirurgia, como é habitual neste tipo de hospitais e onde se destacava a presença, aparentemente constante, de um cirurgião (celorgião), fármacos (triaga) e material de penso. Os ovos e a estopa eram usados numa mistura muito popular até ao século XVIII, denominada estopada, e dos lençóis velhos se faziam ligaduras para envolver as feridas.
Terá porventura sido o primeiro hospital de Lisboa com médico residente?

Hôpital de campagne pendant le siège de Lisbonne en 1384:
En mai de 1384 la flotte du roi Jean de Castille arrive à Lisbonne, dans le but d'encercler la ville ; on a fait débarquer les troupes, qui s’installent dans un campement près du monastère de Santos (où le roi lui-même a séjourné), occupant le territoire jusqu'à Alcantara et Campolide; du côté du fleuve, les bateaux ont assemblé un siège depuis Cataquefarás jusqu’à la Porta da Cruz (Porte de la Croix). Le Maître d'Avis (qui sera le futur roi Jean I) a compris alors de faire la défense de la ville sur toute la longueur du mur et a demandé de fermer les portes, qui étaient ouvertes uniquement pendant la journée; la garde des murs a été divisé par de nobles et honorables citoyens, qui avaient le commande de groupes de arbalétriers et d’hommes d'armes.
Près de la porte de Santa Catarina fût monté un vrai hôpital, à croire dans les mots de la chronique de Fernão Lopes: «Près des Portes de Santa Catarina, sur la place où étaient la plupart des gens d’armes et où l'escarmouche était plus fréquente, il y avait toujours une maison avec des lits, et d’œufs, et d’étoupière, des vieux draps de lit pour déchirer, avec un chirurgien et thériaque, de matériel de pansement et d'autres choses nécessaires pour traiter les blessés lors qu’ils arrivent de l’escarmouche.» [1]
Nous considérons qu'il s'agit d'un véritable hôpital militaire, principalement dans le domaine de la chirurgie, comme il est habituel dans ce type d'hôpitaux de guerre, où se détachait la présence, apparemment constante, d’un chirurgien, des médicaments (thériaque) et matériel de pansement. Les œufs et toile de étoupière étaient utilisés dans un mélange très populaire jusqu'au XVIIIe siècle, appelé estopada, et les vieux draps s’utilisaient pour faire bandages aux blessures.
Peut être que cet hôpital a été le premier hôpital de Lisbonne avec un médecin résident.

Field hospital during the siege of Lisbon in 1384:
In May 1384 the fleet of King John of Castile arrives at Lisbon, aiming to encircle the city; they landed troops, set up a camp near the monastery of Santos (in which the king himself stayed), occupying the territory between Alcantara and Campolide; by the river side, the boats surround the city from Cataquefarás to the Porta da Cruz (Cross door). The Master of Avis (future King John I) made the defense of the city along the entire length of the wall, and closed the city doors, which were open only during the day; the wall’s defense was shared by noblemen and honorable citizens, who had groups of cross-bowmen and soldiers under their command.
At the door of Santa Catarina was then mounted a real hospital, as reported in Fernão Lopes chronicle: "Near the Santa Catarina door, the local part where most of troops are and the skirmish occurs, was always a house with beds, and eggs, and oakum, and old sheets to be teared, and surgeon and theriac, dressing material and other necessary things to the wounded dress when they return of skirmishes." [1]
I consider that this was a true military hospital, predominantly in the area of surgery, as was usual in this type of war hospitals, and stood with the presence, apparently constant, of a surgeon, drugs (theriac) and dressing material. Eggs and oakum were used in a mixture very popular until the eighteenth century, called estopada, and old sheets were used to make bandages for wounds.
Perhaps it was been the first hospital in Lisbon with a resident doctor.




[1] Fernão Lopes, Primeira parte da Crónica de D. João I, vol III, 2ª ed., Lisboa, Livrarias Aillaud & Bertrand, 1922, p. 24-25