Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital do Santo Espírito, de Bucelas

As confrarias do Espírito Santo tinham como objectivo, entre outros, o auxílio aos enfermos. A antiga capela do Espírito Santo integrava, em 1320, uma Colegiada e estava acompanhada por um hospital, encontrando-se ambos dentro do perímetro de um adro, localizado na área ocupada pela estrada nacional e um parque de estacionamento, junto ao edifício actualmente ocupado pela Junta de Freguesia de Bucelas. A capela funcionou como igreja matriz até 1520, altura em que foi substituída pela Igreja de Nossa Senhora da Purificação; a colegiada foi extinta em 1848.[1] Na actual igreja matriz existe um grupo escultórico do séc. XV, que foi o frontão da capela do antigo hospital, representando a Santíssima Trindade.[2] O hospital foi incorporado no Hospital de Todos-os-Santos.[3]


[1] Carla Varela Fernandes, O (des)conhecido retábulo da antiga capela do Espírito Santo de Bucelas, Arqueologia & História, p. 165, em http://www.academia.edu/3721263/O_des_conhecido_retabulo_da_antiga_capela_do_Espirito_Santo_de_Bucelas?login=cristinamoisao@gmail.com&email_was_taken=true, consultado em 23-12-2013
[3] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital do Santo Espírito, do Lumiar

Sobre este hospital sabe-se apenas que estava localizado junto ao adro da igreja paroquial e era possuidor de muitos bens. Foi incorporado no Hospital de Todos-os-Santos.[1]


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital do Espírito Santo, de Benfica

Este hospital encontrava-se localizado junto à Igreja paroquial, tendo sido incorporado no Hospital de Todos-os-Santos.[1] A antiga igreja paroquial erguia-se no lugar do Tojal, a poente e norte da actual igreja de Nossa Senhora do Amparo, dela existindo referências datadas do século XIV.[2]



[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11
[2] http://www.paroquia-benfica.pt/

terça-feira, 3 de setembro de 2013

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital dos Cordoeiros ou Hospitalinho dos Cordoeiros

Existe uma certa confusão em redor da história deste hospital. Gustavo de Matos Sequeira afirma que a Confraria dos Cordoeiros administrou durante um período o Hospital do Convento da Trindade.[1] Por outro lado, existiu em Lisboa o Hospitalinho, situado na mesma zona e gerido pelos Irmãos da Mesa da Irmandade de Santo António dos Nobres, e aparentemente localizado na Rua do Ferragial.[2] O mesmo Matos Sequeira localiza o Hospitalinho dos Cordoeiros na Azinhaga de Gil Vicente (cordoeiro), no actual Chiado, correspondendo à entrada do antigo Hotel Borges.[3]
Persiste portanto a dúvida se seria uma única instituição com designações diversas ou se existiriam dois hospitais nesta área da cidade.





[1] Gustavo de Matos Sequeira, O Carmo e a Trindade, subsídios para a história de Lisboa, vol. 1, Câmara Municipal de Lisboa, 1939, p. 52
[2] Paróquias da Baixa-Chiado, Memórias de Uma Cidade Destruída, Alètheia Editores, 2005, p. 86
[3] Gustavo de Matos Sequeira, O Carmo e a Trindade, subsídios para a história de Lisboa, vol. 1, Câmara Municipal de Lisboa, 1939, p. 230-231

sábado, 17 de agosto de 2013

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital dos Tanoeiros

Pouco se conhece este hospital, apenas que se localizava na Rua do Poço do Chão, entre as actuais Rua do Ouro, Rua dos Sapateiros e Rua da Vitória, na freguesia de São Nicolau.[1]




[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 12

quarta-feira, 17 de abril de 2013

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital dos Pescadores linheiros


Um dos autores consultados situa este hospital em Alfama, freguesia de Santo Estevão, às Portas da Cruz, no cruzamento da Rua do Paraiso com as Portas da Cruz.[1] Sabemos que teria três camas, sendo sustentado pelos pescadores linheiros apenas em camas e casa.[2]
O projecto designado por Marcas das Ciências e das Técnicas pelas Ruas de Lisboa, da autoria da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, refere-se a esta instituição como sendo o “Hospital dos Pescadores, Linheiros, Tecelões e Tanoeiros”.[3] Do nosso ponto de vista, esta designação carece de rigor, uma vez que encontrámos outros hospitais de pescadores em Lisboa (Cata-que-farás, Nossa Senhora dos Remédios), um hospital de Tecelões localizado na Rua da Manga Lassa e um hospital de Tanoeiros situado no Poço do Chão.
Consideramos, no entanto, como certa a sua localização na Rua do Paraíso, na Freguesia de S. Vicente de Fora,[4] correspondendo ao actual nº 55; na verdade, este edifício conserva ainda sobre a porta uma placa ostentando um “S” invertido; este símbolo é de difícil interpretação, mas encontramos uma simbologia semelhante referida ao Hospital de Todos-os-Santos;[5] a simbologia poderia, assim, identificar o edifício como anexo ao Hospital de Todos-os-Santos, pelo que, embora sem provas documentais, possibilita a relação com o edifício hospitalar pertencente à confraria dos pescadores linheiros referenciado por Fernando da Silva Correia.

R. do Paraíso nº 55

Placa indicativa de edifício pertencente ao Hospital Real de Todos-os-Santos (?)



[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11
[2] Cristóvão Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551 - Sumário (em que brevemente se contêm algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa), Livros Horizonte, 1987, p. 63
[3] http://marcasdasciencias.fc.ul.pt/pagina/fichas/objectos/dominio?por=60&i=60
[4] http://marcasdasciencias.fc.ul.pt/pagina/fichas/objectos/freguesia?id=1618
[5] Augusto da Silva Carvalho, Crónica do Hospital de Todos-os-Santos - 1949, Edição do V Centenário da Fundação do Hospital Real de Todos-os-Santos, Lisboa, 1992, capa

Aniversário do Blog "Histórias de Lisboa Antiga"!

O Blog faz um ano !
O blog Histórias de Lisboa Antiga foi iniciado em 14 de Abril de 2012. Conseguiu chegar a um total de 4093 visualizações de páginas.
O top10 de visualizações encontra-se distribuído pelos seguintes países:



Gráfico dos países mais populares entre os visitantes do blogue

Portugal - 2796
Estados Unidos da América (United  States of America) - 358
Brasil - 348
Rússia (Russia) - 132
Alemanha (Germany) - 110
Reino Unido (United Kingdom) - 70
França (France) - 32
Espanha (Spain) - 30
Grécia (Greece) - 26
Ucrânia (Ukraine) - 19

Considerando que está escrito em Português e que os assuntos tratados estão ainda num campo restrito de investigação, é com grande satisfação que observo a disseminação verificada.
Na procura de melhoria, pretende-se adicionar, para além da diversificação de temas, a tradução dos textos para Inglês e Francês.
O ponto negativo encontrado foi a ausência de comentários aos textos publicados. Pretende-se que o blog seja um local de troca de informação e opinião; resta-me pois apelar para que todos participem!

Obrigada!

sábado, 6 de abril de 2013

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de Nossa Senhora dos Remédios e de Santo Estevão


Existem algumas discrepâncias em relação a este hospital, pertencente aos pescadores “chrischeyros” e situado na Alfama; enquanto um autor o situa na freguesia de S. Miguel,[1] o Sumário referencia-o na freguesia de Santo Estêvão, com uma ermida associada onde se dizia missa, designada por ermida de Nossa Senhora dos Remédios, referindo que tinha onze camas para mulheres pobres, as quais os chincheiros sustentavam apenas de camas e casa.[2] É certo que as duas freguesias são vizinhas e a actual Ermida de Nossa Senhora dos Remédios se localiza em Santo Estevão; no entanto, esta ermida, estando associada a um hospital de pescadores, foi construída em 1517, o que nos põe em dúvida se existiria previamente um hospital com outra localização, embora próxima.
A devoção de Nossa Senhora dos Remédios liga-se a uma lenda, segundo a qual um pescador de Alfama teria encontrado dentro de um poço uma imagem de Nossa Senhora, sendo que a água proveniente desse poço tinha propriedades curativas. Dedicada ao Espírito Santo, a ermida foi construída junto ao poço, associando-se ainda a construção de um hospital, a mando da confraria de S. Pedro Telmo, constituída por pescadores. O hospital terá funcionado até 1755, altura em que o grande terramoto o deixou muito danificado, não tendo sido reconstruído; a capela, também conhecida por ermida do Espírito Santo, foi reedificada pela confraria, sendo possível actualmente apreciar o seu magnífico portal manuelino polilobado, classificado como monumento nacional.[3]

Portal da Capela de Nossa Senhora dos Remédios na Rua dos Remédios

[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11
[2] Cristóvão Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551 - Sumário (em que brevemente se contêm algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa), Livros Horizonte, 1987, p. 63
[3] http://www.igespar.pt/en/patrimonio/pesquisa/geral/patrimonioimovel/detail/70628/

quinta-feira, 4 de abril de 2013

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de São Vicente dos Romeiros ou S. Vicente dos Meninos


Muito pouco se sabe desta instituição situada na freguesia da Sé, junto à Porta do Ferro e que foi incorporada no Hospital de Todos-os-Santos.[1]
A Porta do Ferro, também designada por Porta do Ocidente (Bab al-Garb) ou Porta Maior (Bab al-Kabir), pertencia à Cerca Moura, situando-se no local onde hoje é o Largo de Santo António da Sé; era, ao tempo árabe, a principal entrada da Medina, tendo tomado mais tarde o nome de Arco de Nossa Senhora da Consolação, que foi destruído no terramoto de 1755.[2]


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11
[2] Gabinete de Estudos Olisiponenses, A Cerca de Al-Usbuna, em http://geo.cm-lisboa.pt/fileadmin/GEO/Imagens/GEO/Cerca_Moura_site/Cerca_moura_visita.pdf

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital dos Tecelões


Sabemos apenas que este hospital se encontrava localizado na Rua da Mangalaça ou Rua de Manga Lassa, freguesia de Santa Justa. Foi incorporado no Hospital de Todos-os-Santos.[1] A Rua de Manga Lassa é registada por Cristóvão Rodrigues de Oliveira,[2] mas não se encontram indicações da sua localização precisa na freguesia.


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11
[2] Cristóvão Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551 - Sumário (em que brevemente se contêm algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa), Livros Horizonte, 1987, p. 20

quinta-feira, 28 de março de 2013

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de Nossa Senhora das Virtudes ou da Vitória


Estava localizado ao Poço do Chão (aproximadamente na actual Rua do Ouro), destinava-se a incuráveis.[1] Não conseguimos apurar a data da sua fundação ou a duração do seu funcionamento.
Referenciado como tendo sido incorporado no Hospital de Todos-os-Santos[2], encontramo-lo ainda referido no Sumário de 1551: “ O Hospital de Nossa senhora da Vitória é antigo. Há sempre nele enfermos incuráveis, tem duas enfermarias, uma por baixo, e outra por cima, com catorze leitos. E em cada uma há um altar, onde todos os dias se diz missa de devotos. E aos domingos lha vem dizer do Hospital de Todos os Santos, donde são providos de todo o necessário, o que valerá cento e cinquenta cruzados. Há neste hospital uma confraria da invocação de Nossa senhora da Vitória. Os mordomos e confrades dela mandam nos navios peditórios e os tem pelo reino e arquetas da cidade. O que valerá quinhentos cruzados.” O mesmo autor, faz referência à sua antiga designação como Hospital de Nossa Senhora das Virtudes.[3]






Em 1552 existe uma outra referência: “No Poço do Chão, onde se chama Nossa Senhora da Vitória, tem outro hospital, onde tem oito leitos, onde tem hospitaleiro que tem cargo disso, aonde passam os enfermos desamparados que têm enfermidades incuráveis. A estes dá (o Hospital de Todos-os-Santos) todos os dias doze rs para seu sustentamento, e camas em que dormem. E no sobrado estão outros tantos leitos para mulheres, os quais provêm da mesma maneira; e tem missa os dias santos e domingos.”[4]
Desta última descrição poderemos concluir que, apesar de incorporado administrativamente no Hospital de Todos-os-Santos, a instituição continuava a funcionar com autonomia, separada fisicamente e com proventos próprios independentes da casa-mãe.


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11
[2] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11
[3] Cristóvão Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551 - Sumário (em que brevemente se contêm algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa), Livros Horizonte, 1987, p. 61-62
[4] João Brandão (de Buarcos), Grandeza e abastança de Lisboa em 1552, Livros Horizonte, 1990, p. 126-127

sábado, 16 de março de 2013

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital dos pescadores de Cataquefarás


Segundo Fernando da Silva Correia, este hospital estava localizado na Rua da Amoreira, junto ao Tronco (cadeia), freguesia de S. Nicolau, tendo sido incorporado no Hospital de Todos-os-Santos.[1] Esta localização será um pouco confusa, uma vez que nesta freguesia se conhece uma Travessa da Amoreira, enquanto a Rua Direita de Cata-que-farás se encontraria na freguesia dos Mártires; por outro lado, a cadeia do Tronco ou Cadeia da Cidade (Municipal) funcionava no local do Paço do Limoeiro ao tempo de D. Manuel, não se localizando em nenhumas das freguesias supra-citadas, mas na de S. Martinho.
          Será talvez mais correcto situar o hospital, segundo a indicação de Cristóvão Rodrigues de Oliveira, no local de Cata-que-farás, que corresponde à zona do actual Cais do Sodré. Segundo o mesmo autor, era provido pelos pescadores e ainda se encontra descrito com localização própria em 1551,[2] pelo que supomos que funcionaria nas instalações primitivas apesar de ser encontrar sob a administração do Real Hospital de Todos-os-Santos.  


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11
[2] Cristóvão Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551 - Sumário (em que brevemente se contêm algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa), Livros Horizonte, 1987, p. 63

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de Santa Maria dos Mártires


Hospital dos peleteiros (curtidores e vendedores de peles), localizado na Rua Nova de El-Rei (actual Rua do Comércio), freguesia dos Mártires. Foi incorporado no Hospital de Todos-os-Santos.[1]


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 10-11

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de D. Maria Aramenha


Hospital dos alfaiates, localizado na Rua das Portas da Cruz, na freguesia de Santo Estevão de Alfama. Foi incorporado no Hospital de Todos-os-Santos.[1]


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 10-11

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital dos Ourives


Inicialmente eram os ourives da prata e do ouro considerados como um único mester, consignado na lei desde 1211, tendo sido determinado no século XIV que se estabelecessem na Rua da Ourivesaria. Já no reinado de D. Afonso V, um alvará de 1460 concede-lhe o privilégio de aferirem os pesos e balanças da cidade, como forma de suportarem as despesas do hospital. Foi apenas em 1514, no reinado de D. Manuel, que se ordena a separação dos ofícios do ouro e da prata, sendo os primeiros mudados para a Rua Nova d’El-rei, o que motiva a mudança de designação para Rua dos Ourives do Ouro, enquanto a permanência dos segundos no local inicial, modifica a toponímia da rua para Rua da Ourivesaria da Prata ou Rua dos Ourives da Prata.[1]
Existe alguma confusão bibliográfica acerca do Hospital dos Ourives. Enquanto alguns autores afirmam ter-se situado no Largo dos Lóios um hospital fundado em 1272, pertencente à Confraria de Santo Elói dos Ourives da Prata de Lisboa, não sendo certo que teria sido anexado ao Hospital de Todos-os-Santos,[2] outros situam-no na Rua do Arco do Rossio, incluída depois na Rua do Lagar do Sebo, freguesia de S. Nicolau e afirmam ter sido incorporado no Hospital Real.[3]


[1] Leonor Faria Calvão Borges, Directório Prático de José da Silva Gomes: leitura e edição – Dissertação de mestrado em Paleografia e Diplomática, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1996, p. 2, em http://dited.bn.pt/30237/1229/1647.pdf
[2] Leonor Faria Calvão Borges, Directório Prático de José da Silva Gomes: leitura e edição – Dissertação de mestrado em Paleografia e Diplomática, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 1996, p. 1, em http://dited.bn.pt/30237/1229/1647.pdf
[3] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 10-11

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Gafaria de S. Lázaro


Provavelmente anterior à fundação da nacionalidade, sem que seja possível confirmação documental deste facto, já dela existe referência em 1220 (não documentada); documento certo é o testamento de Ousenda Leonardes datado de 1325, que contempla 20 soldos para os gafos de S. Lázaro[1]. Damião de Góis localiza, sem denominação própria, uma gafaria entre o campo de Santana e a Mouraria, perto de um campo de pastagem e da feira do gado.[2]
Ignora-se a responsabilidade da sua fundação. Presume-se que se situava no Poio de S. Lázaro, na encosta que subia da Mouraria para o Campo do Curral (mais tarde Campo de Santana); encontrando-se no exterior da muralha de D. Fernando, é possível que tenha recebido os gafos dos Mártires, quando esta gafaria foi abrangida por aquela terceira muralha de Lisboa.[3] A localização desta gafaria é, no entanto, algo controversa, uma vez que se confunde nos documentos com a dos Mártires, desconhecendo-se se existiram ambas ou se uma deu lugar à outra.[4]
Tinha um provedor ou vedor, eleito entre os vereadores por um período de um ano, ao qual competia guardar as chaves da arca das escrituras e a chave da arca dos ornamentos e outros objectos de valor, supervisionar as propriedades da Casa, averiguar as razões das contendas, escolher o pessoal doméstico, avaliar e fazer assentar os bens dos enfermos, constranger os doentes que se recusassem entrar na gafaria, executar sentenças e gerir esmolas; o provedor contava com a ajuda de um escrivão, que guardava a segunda chave da arca das escrituras, supervisionando também as propriedades; existia ainda um capelão que era escolhido e pago pela cidade, tendo as funções de dizer missa três vezes por semana.[5] Os rendimentos para o seu funcionamento provinham de propriedades doadas à gafaria e àquelas pertencentes aos gafos que nela faleciam, as quais revertiam para a Casa; sabe-se que possuía uma adega localizada junto à Portagem (perto da actual igreja da Conceição Velha);[6] segundo o regimento datado de 1460, cada morador de Lisboa e do seu termo deveria oferecer aos leprosos um real por ano, provindo assim ajuda para o respectivo sustento.[7]
Sabe-se que na Gafaria de S. Lázaro existia uma ermida ou igreja de S. Lázaro, um alpendre onde os gafos se reuniam com as pessoas de fora, um celeiro, a casa do provedor, casas para os doentes e casas para mancebas, exteriores à propriedade mas junto à porta (as mancebas não eram leprosas e responsabilizavam-se pelas tarefas domésticas da gafaria). As casas dos gafos, mandadas construir por D. Manuel em 1503, eram térreas, medindo 12 palmos por 15 e possuíam chaminé e alpendre. [8]

Continuou o seu funcionamento até 1551, encontrando-se referenciada no Sumário: “A Ermida de são Lázaro está na Freguesia de santa justa. Há nesta ermida três confrarias, ou seja, a de são Lázaro, a de santa Marta, e a de Nossa Senhora. Valem as esmolas delas sessenta cruzados. Nesta casa se curam e mantêm os gafos.”[9] A gafaria (?) vem ainda referida no tombo da cidade, referindo o ano de 1567 “...as quais casas foram encabeçadas pela cidade em Andre Anriquez recebedor dos orfãos de S. Lázaro...”.[10] Parece ter funcionado independente até finais do século XIX.[11]

Ignoro se a gafaria deu lugar ao denominado Hospital de São Lázaro ou se este último se trata de outra instituição fundada mais tardiamente, que se encontra referenciada como pertencente à freguesia de Santa Justa e como tendo sobrevivido ao grande terramoto.[12]



[1] Rita Luis Sampaio da Nóvoa, A Casa de São Lázaro de Lisboa – Contributos para uma história das atitudes face à Doença (sécs. XIV – XV), dissertação de mestrado em história medieval, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, 2010, p. 76-77
[2] Damião de Góis, Descrição da Cidade de Lisboa, 2ª ed., Livros Horizonte, 2001, p. 44
[3] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 12
[4] Rita Luis Sampaio da Nóvoa, A Casa de São Lázaro de Lisboa – Contributos para uma história das atitudes face à Doença (sécs. XIV – XV), dissertação de mestrado em história medieval, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, 2010, p. 79
[5] Rita Luis Sampaio da Nóvoa, A Casa de São Lázaro de Lisboa – Contributos para uma história das atitudes face à Doença (sécs. XIV – XV), dissertação de mestrado em história medieval, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, 2010, p. 86
[6] Vieira da Silva, As Muralhas da Ribeira de Lisboa, 2ª ed., Vol. I, Câmara Municipal de Lisboa, 1940, p. 195
[7] Rita Luis Sampaio da Nóvoa, A Casa de São Lázaro de Lisboa – Contributos para uma história das atitudes face à Doença (sécs. XIV – XV), dissertação de mestrado em história medieval, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, 2010, p. 91
[8] Rita Luis Sampaio da Nóvoa, A Casa de São Lázaro de Lisboa – Contributos para uma história das atitudes face à Doença (sécs. XIV – XV), dissertação de mestrado em história medieval, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, 2010, p. 93
[9] Cristóvão Rodrigues de Oliveira, Lisboa em 1551 - Sumário (em que brevemente se contêm algumas coisas assim eclesiásticas como seculares que há na cidade de Lisboa), Livros Horizonte, 1987, p. 54
[10] Luis Lourenço, Livro Primeiro do Tombo das Propriedades foreiras à Câmara, Edição da Câmara Municipal de Lisboa, 1950, p. 292-193
[11] Rita Luis Sampaio da Nóvoa, A Casa de São Lázaro de Lisboa – Contributos para uma história das atitudes face à Doença (sécs. XIV – XV), dissertação de mestrado em história medieval, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, 2010, p. 79
[12] Paróquias da Baixa-Chiado, Memórias de Uma Cidade Destruída, Alètheia Editores, 2005, p. 165