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domingo, 22 de abril de 2012

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de S. Vicente

Durante o cerco de Lisboa, estabeleceram D. Afonso Henriques e os cruzados seus aliados os respectivos arraiais ao redor dos muros da cidade; no local onde se instalou o arraial dos coloneses e flamencos foi erguida, ainda durante o cerco, uma ermida e organizado um cemitério destinado às vítimas da conquista de Lisboa. Depois da tomada da cidade, decidiu o rei mandar construir um mosteiro neste local, entregando-o à guarda de um abade estrangeiro denominado Gualter ou Gualtero e mais tarde aos cónegos regrantes de Santa Cruz, de Coimbra. Denominou-se Mosteiro de São Vicente de Fora, por se encontrar construído no exterior da Cerca Moura.
Na década de 1170, D. Paio Gonçalves, Prior-Mor do mosteiro entre 1172 e 1205 ou 1208, iniciou a construção de um hospital; cabia ao Prior-Mor do convento a supervisão de todas as actividades do hospital, ajudado pelos “oficiais”, que cuidavam do fornecimento do hospital e da alimentação dos doentes. O Camareiro ou Vestiário era auxiliado pelo Hospitalário, um irmão converso que cuidava directamente do acolhimento prestado aos enfermos, pobres e idosos. [1]
D. Afonso Henriques deixa em testamento datado de 1179, uma quantia para as obras do hospital, que não estariam ainda terminadas. Existe ainda uma carta de D. Paio dirigida ao mosteiro de Santa Cruz de Coimbra indagando acerca do modelo de gestão e da sustentabilidade económica do hospital coimbrão, provavelmente para que servisse de modelo em S. Vicente de Fora.
O hospital era constituído por dois espaços distintos, sendo um deles uma albergaria para pobres e o outro um verdadeiro hospital assistencial para doentes; existiria ainda uma capela e um espaço destinado ao acolhimento de peregrinos. Supõe-se que a sua localização fosse a sul do convento, presumivelmente ladeando o claustro. Na primeira metade do séc. XIII, o hospital possuía um corpo clínico de médicos e uma biblioteca especializada, sabendo-se que recebeu em 1207 uma remessa de livros de medicina, provenientes do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Sabemos que a instituição se manteve em actividade até ao reinado de D. João II. [2]


[1] Carlos Guardado da Silva, O Mosteiro de S. Vicente de Fora – a comunidade regrante e o património rural (séculos XII-XIII), Edições Colibri, 2002, p. 62-72
[2] Paulo Almeida Fernandes, Hoc Templum Aedificavit Rex Portugalliae Alphonsus I: O Mosteiro Medieval, Mosteiro de São Vicente de Fora – Arte e História, http://academia.edu/AddAffiliation, p. 97- 99



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