Número total de visualizações de páginas

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - A ARQUITECTURA HOSPITALAR

Não podemos falar apropriadamente de verdadeira arquitectura hospitalar, excepto no caso das gafarias. A maioria dos hospitais instalavam-se em casas que tinham sido de habitação, pelo que as condições higiénicas não seriam certamente as melhores; recordemos que o urbanismo da época não contemplava geralmente o saneamento básico. As casas de Lisboa tinham na época de um a três pisos (loja e sobrados), frequentemente com varanda projectada para a rua nos pisos superiores, sendo o chão de terra batida, tijolo ou pedra.
                As gafarias eram construídas com mais preocupação, geralmente propositadamente para a função, em propriedades mais vastas. O tipo de construção adoptado em toda a Europa era constituído por uma cerca contendo pequenas moradias, cada uma destinada a um casal ou família, e enfermarias colectivas destinadas a leprosos isolados.[1] Sabe-se que na Gafaria de S. Lázaro existia uma ermida ou igreja de S. Lázaro, um alpendre onde os gafos se reuniam com as pessoas de fora, um celeiro, a casa do provedor, casas para os doentes e casas para mancebas, exteriores à propriedade mas junto à porta (as mancebas não eram leprosas e responsabilizavam-se pelas tarefas domésticas da gafaria). As casas dos gafos mandadas construir por D. Manuel em 1503 eram térreas, medindo 12 palmos por 15 e possuíam chaminé e alpendre. [2]


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 5-6
[2] Rita Luis Sampaio da Nóvoa, A Casa de São Lázaro de Lisboa – Contributos para uma história das atitudes face à Doença (sécs. XIV – XV), dissertação de mestrado em história medieval, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – Universidade Nova de Lisboa, 2010, p. 93

2 comentários: