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sábado, 11 de agosto de 2012

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital e Mercearia de D. Teresa Anes de Toledo, Hospital de D. Grácia ou Hospital de Conde D. Pedro


Este hospital localizava-se junto à Sé, sensivelmente no local da actual igreja de Santo António. D. Grácia Froiaz foi íntima do rei D. Diniz, do qual teve um filho bastardo, D. Pedro Afonso, conde de Barcelos; o conde D. Pedro herdou de sua mãe umas casas junto à Sé, tendo-as por sua vez legado a D. Teresa Anes de Toledo, com quem vivia intimamente no final da sua vida. D Teresa fundou uma capela no claustro da Sé, anexando-lhe um hospital instalado nas casas que tinham sido de D. Grácia. Este hospital para pobres e inválidos, instituído em 1348, provavelmente só começou a funcionar em 1350, sendo certo que em 1351 o rei D. Afonso IV autoriza que D. Pedro e D. Teresa lhe deixem os seus bens.[1] O provedor do hospital foi Pero Esteves, antigo vedor do infante D. Pedro Afonso.[2] A Mercearia era anexa ao hospital, dando abrigo a 5 merceeiros.[3] O hospital foi administrado no final do séc. XV pelo Senado de Lisboa.
Foi esta instituição incorporada no Hospital de Todos-os-Santos,[4]  mas não fisicamente, uma vez que “quatro merceiras da capela de D. Pedro sita na Sé” continuavam a receber alimento e casa por conta do hospital novo.[5] Encontrando-se na dependência administrativa do Hospital Real, enviou D. Manuel ao Senado um alvará de 20 de Maio de 1503, mandando entregar as escrituras e contratos relativos ao hospital de D. Pedro ao Hospital de Todos-os-Santos.[6] Sabe-se no entanto, que continuaram a habitar a capela de D. Pedro cinco merceeiras, a expensas do Hospital de Todos-os-Santos,[7] com um capelão que usufruía de ordenado de dois mil rs (em outro local refere o mesmo autor o ordenado de dez mil rs[8]) e casa para morar.[9]

NOTAS: Este hospital é designado por “Hospital de Tareja Gomes ou de D. Pedro”, erroneamente, por Augusto da Silva Carvalho. O túmulo de D. Gracia encontra-se na Sé, no topo sul do cruzeiro.[10]


[1] AML, Documentos de D. Afonso IV (1325-1357) – Catálogo, p.8, em http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/fotos/editor2/d_afonsoiv.pdf
[2] Carlos Guardado da Silva, Lisboa Medieval – a organização a e estruturação do espaço urbano, Lisboa, Edições Colibri, 2008, p.220
[3] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 12
[4] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11
[5] Júlio de Castilho, Lisboa Antiga – Bairros Orientais, 2ª ed., vol. V, Câmara Municipal de Lisboa, 1936, p. 199
[6] Augusto da Silva Carvalho, Crónica do Hospital de Todos-os-Santos, Edição do V Centenário da Fundação do Hospital Real de Todos-os-Santos, 1992, p. 285
[7] Júlio de Castilho, Lisboa Antiga – Bairros Orientais, 2ª ed., vol. V, Câmara Municipal de Lisboa, 1936, p. 199
[8] João Brandão (de Buarcos), Grandeza e abastança de Lisboa em 1552, Livros Horizonte, 1990, p. 134
[9] João Brandão (de Buarcos), Grandeza e abastança de Lisboa em 1552, Livros Horizonte, 1990, p. 130
[10] Júlio de Castilho, Lisboa Antiga – Bairros Orientais, 2ª ed., vol. V, Câmara Municipal de Lisboa, 1936, p. 195

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital e Albergaria de Maria Esteves


Fundado em 1343, localizava-se no Largo de Santo André, freguesia de Santo André; tinha 6 camas. A Albergaria era anexa ao hospital. [1] Também designado por Capela Nunez de Sousa, foi edificado pelo fidalgo Nunez de Sousa e sua mulher Maria Estevez, que mandaram ter quatro merceeiras, cujo ordenado mensal seria de quatro alqueires de trigo e cento e cinquenta reis em dinheiro para conduto, acrescido de setecentos reis anuais para vestido e calçado.[2]


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11 e 12
[2] João Brandão (de Buarcos), Grandeza e abastança de Lisboa em 1552, Livros Horizonte, 1990, p. 135

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital de Rosas Valles


Com fundação anterior a 1343, é citado igualmente no testamento de Maria Esteves. O nome parece ser corrupção de Roncesvalles, espanhol contemplado no testamento da Rainha Santa Isabel; ignora-se se este hospital seria o mesmo do Hospital designado dos Pireneus.[1]


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital dos membros


Sabe-se que a sua fundação é anterior a 1343, ignorando-se onde estava localizado, conhecendo-se a sua existência pelas referências que lhe são feitas  no testamento de Maria Esteves.[1]


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital do Cónego João Vicente


Fundado cerca de 1338, localizado na freguesia de S. João da Praça, tendo uma mercearia com 6 camas para pobres envergonhados.[1] João Vicente foi Cónego de Lisboa.


[1] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 11

OS HOSPITAIS MEDIEVAIS DE LISBOA - Hospital do Espírito Santo da Alcáçova ou Hospital da Rainha


Encontramos parcas referências a este hospital, embora suficientes para afirmar a sua existência. Desconhece-se a data da sua fundação, mas sabemos que se encontrava instituído em 1335 e se situava na Alcáçova, [1] na freguesia de Santa Cruz do Castelo, sendo governado por uma confraria até ao momento em que foi incorporado no Hospital de Todos-os-Santos.[2] Ao tempo de D. Afonso IV, foi sua mulher, a rainha D. Brites, autorizada a comprar-lhe bens de raiz.[3]

Ruínas da Alcáçova de Lisboa


[1] Carlos Guardado da Silva, Lisboa Medieval – a organização a e estruturação do espaço urbano, Lisboa, Edições Colibri, 2008, p. 240
[2] Fernando da Silva Correia, Os Velhos Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de Lisboa, 1941, p. 10-11
[3] Júlio de Castilho, Lisboa Antiga – Segunda Parte – Bairros Orientais, 2ª ed., vol. IV, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1936, p. 122