Este hospital localizava-se junto à Sé,
sensivelmente no local da actual igreja de Santo António. D. Grácia Froiaz foi
íntima do rei D. Diniz, do qual teve um filho bastardo, D. Pedro Afonso, conde
de Barcelos; o conde D. Pedro herdou de sua mãe umas casas junto à Sé, tendo-as
por sua vez legado a D. Teresa Anes de Toledo, com quem vivia intimamente no
final da sua vida. D Teresa fundou uma capela no claustro da Sé, anexando-lhe
um hospital instalado nas casas que tinham sido de D. Grácia. Este hospital
para pobres e inválidos, instituído em 1348, provavelmente só começou a
funcionar em 1350, sendo certo que em 1351 o rei D. Afonso IV autoriza que D.
Pedro e D. Teresa lhe deixem os seus bens.[1]
O provedor do hospital foi Pero Esteves, antigo vedor do infante D. Pedro
Afonso.[2] A
Mercearia era anexa ao hospital, dando abrigo a 5 merceeiros.[3] O
hospital foi administrado no final do séc. XV pelo Senado de Lisboa.
Foi esta
instituição incorporada no Hospital de Todos-os-Santos,[4] mas não fisicamente, uma vez que “quatro merceiras da capela de D. Pedro sita
na Sé” continuavam a receber alimento e casa por conta do hospital novo.[5] Encontrando-se
na dependência administrativa do Hospital Real, enviou D. Manuel ao Senado um
alvará de 20 de Maio de 1503, mandando entregar as escrituras e contratos
relativos ao hospital de D. Pedro ao Hospital de Todos-os-Santos.[6] Sabe-se
no entanto, que continuaram a habitar a capela de D. Pedro cinco merceeiras, a
expensas do Hospital de Todos-os-Santos,[7] com um capelão que usufruía
de ordenado de dois mil rs (em outro local refere o mesmo autor o ordenado de
dez mil rs[8])
e casa para morar.[9]
NOTAS: Este hospital é designado por “Hospital
de Tareja Gomes ou de D. Pedro”, erroneamente, por Augusto da Silva Carvalho. O
túmulo de D. Gracia encontra-se na Sé, no topo sul do cruzeiro.[10]
[1]
AML, Documentos de D. Afonso IV (1325-1357) – Catálogo, p.8, em http://arquivomunicipal.cm-lisboa.pt/fotos/editor2/d_afonsoiv.pdf
[2]
Carlos Guardado da Silva, Lisboa Medieval
– a organização a e estruturação do espaço urbano, Lisboa, Edições Colibri,
2008, p.220
[3]
Fernando da Silva Correia, Os Velhos
Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de
Lisboa, 1941, p. 12
[4]
Fernando da Silva Correia, Os Velhos
Hospitais da Lisboa Antiga, Revista Municipal nº 10, Câmara Municipal de
Lisboa, 1941, p. 11
[5]
Júlio de Castilho, Lisboa Antiga –
Bairros Orientais, 2ª ed., vol. V, Câmara Municipal de Lisboa, 1936, p. 199
[6]
Augusto da Silva Carvalho, Crónica do Hospital de Todos-os-Santos, Edição do V
Centenário da Fundação do Hospital Real de Todos-os-Santos, 1992, p. 285
[7]
Júlio de Castilho, Lisboa Antiga –
Bairros Orientais, 2ª ed., vol. V, Câmara Municipal de Lisboa, 1936, p. 199
[8] João
Brandão (de Buarcos), Grandeza e
abastança de Lisboa em 1552, Livros Horizonte, 1990, p. 134
[9] João
Brandão (de Buarcos), Grandeza e
abastança de Lisboa em 1552, Livros Horizonte, 1990, p. 130
[10]
Júlio de Castilho, Lisboa Antiga –
Bairros Orientais, 2ª ed., vol. V, Câmara Municipal de Lisboa, 1936, p. 195
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